sábado, 13 de março de 2010

Conto de fadas nada tradicional #2

(anteriormente)

Então a voz na minha mente obedeceu.
"Como queiras"
Continuei a empurrar... Mas todos os meus esforços eram fúteis. Parei de fazer força, suspirei e voltei a empurrar.
-Meu amor, finalmente te encontrei! - Disse o peso que se acumulava em cima de todo o meu ser.
-SAÍ DE CIMA DE MIM DE UMA VEZ POR TODAS, CRIATURA! - Berrei.
Ups, tinha-me esquecido completamente que o meu irmão estava em casa.
"Deve estar a ouvir o seu heavy metal a altos berros, aka a destruir os seus ouvidos", sim porque ao menos tem a decência de usar fones quando anoitece.
Fiquei mais descansado ao lembrar-me desse detalhe.
-Mas... Amor... - Gemeu o rapaz, ou homem, não sabia.
Levantou-se.
-Quem és tu e quem é que te chamou?! - indaguei furioso e ofegante.
-Sou o Jericho amor, aquele a quem chamas alma gémea. Aquele que procuras. Aquele que te tem procurado...
-Hah, essa é boa!
-Foi o teu desespero que me trouxe até aqui, Neil...
Como é que o raio da criatura sabia o meu nome?! Só existe uma maneira de descobrir...
-Como sabes o meu nome?! E como sabes do meu desespero - Apercebendo-me do meu erro reformulei - Ou melhor: Porque é que pensas que estou desesperado?
-És um insensível... Não vês que isto só foi possível porque a nossa ligação é mágica, inquebrável...?
-Oh, poupa-me! Em primeiro lugar não existe ligação nenhuma entre eu e tu; Segundo, o que te leva a pensar que um rapaz como eu vai ligar a alguém como tu?! - Furioso nem media as minhas palavras.
O Jericho começou a chorar.
"Isso! Faz a baleia chorar!"
Senti-me horrível por ser o responsável por aquelas lágrimas. Começava a tomar consciência do monstro que estava a ser.
-Jericho, não é? - Perguntei com um tom de voz mais calmo - Olha, desculpa, não era a minha intenção magoar-te, é só que... Isto aconteceu tudo muito de repente, tens que perceber.
-Deve haver algum engano... Não és nada aquilo que eu imaginava. Se és a minha alma gémea então prefiro envelhecer sozinho!
As suas palavras eram como balas na minha consciência.
"Lembras-te como toda esta trapalhada começou?"
Oh, certo!
-Quero anular o meu desejo - Murmurei.
Nada aconteceu. Jericho acalmava-se e tomava atenção à minha figura estranha.
-Quero que o Jericho desapareça... - Murmurei de novo
Jericho levantou-se.
-Se é isso que queres...
Abriu a porta do meu quarto e andou a vaguear pela casa até encontrar a saída. Segui-o de longe a ver se saía da minha casa sem roubar nada.
O meu irmão saiu do quarto ao mesmo tempo e ambos estávamos a olhar lá para baixo.
-Wow, meu, tenho que deixar as ganzas, estas visões começam a tornar-se muito estranhas!
-Não sei o que estás a ver, Tom, mas boa coisa não deve ser.
Benditas alucinações...
Jericho tinha acabado de sair de casa.
Talvez... Talvez tudo isto tenham sido efeitos dos fumos que inspirei ainda há pouco naqueles segundos que estive no quarto do meu irmão para lhe pedir que usasse os fones... Talvez estivesse a alucinar.
Não deixava de sentir remorsos por magoar um ser humano... Ou a ideia de um...
Decidi descer e segui-lo, se fosse real, para pedir desculpas como deve de ser.

(continua...)

Sem comentários:

Enviar um comentário